terça-feira, 25 de dezembro de 2007

Vídeo sobre corrupção

O meu interesse era postar no blog apenas o vídeo com o título corrupção, que é o de nº 3, onde aparecem dois homens e uma mulher em uma mesa de bar, e falam com muito entusiasmo sobre a corrupção no país, mas um deles ao ter o veículo multado tenta subornar o guarda de trânsito. Ser honesto é nossa obrigação, mas lógico que dá muito trabalho e custa caro. Por exemplo, não comprar DVD pirata, ou o que quer que seja pirata é muito difícil, porque isto , fazer a coisa certa, custa caro e dá prejuízo financeiro imediato e a pessoa acha que não combaterá o crime organizado que está por trás da pirataria, porque todo mundo faz assim e isto não terá jeito nunca. Os outros dois vídeos são o nº 2 com o título Respeito e o nº 1 com o título Margarida, são legais , mas não os queria neste momento, digamos, que veio no pacote do vídeo desejado, já que eu não consegui postar apenas o vídeo do meu interesse mais imediato e que está mais ligado diretamente ao assunto do blog. Em breve espero dominar melhor esta "tecnologia", para não "ser obrigado" a colocar vídeos por falta de opção, embora os outros dois sejam bons, principalmente o vídeo com o título Respeito. Vale a pena conferir.
FRASE DA SEMANA - " A reação contra a corrupção é algo específico da classe média. Para quem está recebendo o Bolsa Família, a moralidade política vem em segundo lugar. Para quem vive em um mundo de necessidades, moralidade é luxo".
José Murilo de Carvalho, ao ser entrevistado por Veja na edição desta semana, nº 2040, de 26/12/2007. Carvalho é doutor em ciência política pela Universidade Stanford (EUA) e professor titular do Departamento de História da UFRJ.

sábado, 22 de dezembro de 2007

Policiais torturam e matam adolescente

Leiam antes do meu comentário o artigo de André Petry na Veja e parte da matéria do Jornal O Estado de São Paulo.
Bem que eu tenho avisado que este método de "investigação medieval" costuma ser aplaudido pela população, mas quando dá errado o policial que quer a todo custo "aplicar a lei" vira manchete e passa por monstro( é justo , já que fez uma monstruosidade). Se eles, fossem "uns otários" como eu , não estariam hoje presos e passando por este tipo de humilhação. Não terão apoio de ninguém, repito, de absolutamente ninguém, estão sozinhos e amargurados e com suas atitudes impensadas fazem sofrer principalmente seus entes queridos. Definitavamente o crime não compensa, seja ele praticado por policial tentando "defender" a sociedade, ou pelo policial bandido tentando "defender"o próprio bolso ou pelo bandido tentando impor sua vontade por achar que o mundo todo é otário e imbecil. Se estes policiais tivessem ouvido diariamente dos seus chefes que a tortura é uma coisa vil , que deve ser abandonada pela polícia, e não um método para desvendar crimes, eles provavelmente não estariam nesta situação. O que vemos na verdade são chefes incentivando a tortura nos meios policiais pelo Brasil afora. Mesmo os chefes que não fazem pessoalmente a tortura, já que "sujar" as mãos não é para eles, mas para o pobre coitado do policial que ele considera um pária, no mesmo nível do bandido. Muita gente "séria e honesta" defende que este tipo de policial é um "mal necessário" , que eles ( sérios e honestos ) vão utilizar para alcançar seus objetivos, como por exemplo obter excelentes resultados nas "investigações medievais". Resultados estes que os ajudarão a alcançar os postos mais altos dentro da hierarquia policial, quer seja civil ou militar. O policial suja as mãos para promover o chefe "sério e honesto", que nem de longe vai se dar ao trabalho de pensar que foi guindado àquela posição de destaque pelo "uso" de seu semelhante, que ele descarta na primeira oportunidade que puder, sem o menor constrangimento. Portanto, caro policial civil e militar, não se deixe iludir pelo canto da sereia e não utilize a tortura para obter resultado em seu trabalho, o único que será beneficiado com o seu crime, será o seu chefe , que você promoverá ou promoveu sujando as mãos. Pode-se concluir que o delegado de polícia ou oficial da PM que incentiva, de modo explícito ou velado, a tortura como meio para alcançar resultados, é também um corrupto, já que poderá ser promovido pelos "bons" resultados obtidos no seu trabalho de forma ilegal e imoral. O chefe ao ser promovido com estes métodos , terá vantagens econômicas com os cargos que poderá ocupar e com o dinheiro que será acrescentado no seu salário pela promoção recebida.
Artigo de André Petry na Revista Veja, Edição 2040, de 26/12/2007
As mortes de Carlos
"Os índios caetés, que devoraram o bispo Sardinha em 1556, são os antepassados culturais dos seis policiais que mataram o garoto de 15 anos depois de torturá-lo com choques elétricos" A primeira morte de Carlos Rodrigues Junior, adolescente de 15 anos, aconteceu na madrugada de sábado 15, em Bauru, no interior de São Paulo. Seis policiais entraram na casa do garoto, em plena madrugada, foram até seu quarto e lá ficaram por uma hora e onze minutos. O rapaz foi torturado com choques elétricos, enquanto sua mãe e sua irmã ficavam na sala, impedidas de entrar no quarto, escutando seus gritos e gemidos. Carlos era suspeito de roubar uma moto. Não tinha ficha policial. O laudo do Instituto Médico-Legal encontrou em seu corpo trinta marcas de choques elétricos, duas no coração, além de escoriações no rosto e no tórax. Na viatura dos policiais, havia um fio elétrico. A segunda morte de Carlos deu-se nos dias subseqüentes. A notícia saiu aqui e ali, mas tratada quase com a leveza da rotina. O presidente Lula estava ocupado demais para tratar de um assunto que não lhe rende votos e, afinal de contas, ocorreu no estado de seu amigo imaginário, o governador José Serra. O próprio governador disse que o caso mostrava uma "brutalidade inaceitável", e mais não fez nem disse. Enviar condolências à família? Não se teve notícia disso. Participar do enterro, ir ao velório? Também não se soube disso. Mostrar de algum modo, com a presença física, que o inadmissível aconteceu? Nem pensar. Serra preferiu seguir um modelito mais ou menos parecido com o implantado pela governadora Ana Júlia Carepa, do Pará, quando da descoberta da menina enjaulada com um bando de marmanjos. Só não culpou o passado e os antecessores porque não dá. Os índios caetés, que devoraram o bispo Sardinha em 1556, são os antepassados culturais dos seis policiais. Pois hoje, na terra dos ex-selvagens e na entrada do terceiro milênio, o recado é o seguinte: o brasileiro Jean Charles de Menezes, assassinado com oito tiros pela polícia inglesa ao ser confundido com um terrorista, é um absurdo. Não pode. Mas os ingleses precisam entender que nós mesmos podemos fazer esse trabalho com os nossos. A prisão de Abu Ghraib, cadeia que se tornou símbolo das atrocidades de Saddam Hussein, que também virou símbolo da tortura e da humilhação infligidas pelos soldados americanos aos presos iraquianos, é um escândalo. Mas, no Brasil, nós mesmos nos encarregamos de fazer isso com os próprios brasileiros. No velório de Carlos Rodrigues Junior, sua mãe, Elenice Rodrigues, percebeu que o filho estava com os dedos quebrados. O advogado de um dos policiais também compareceu ao velório, só que acompanhado do cidadão que teve sua moto roubada. O motivo da visita era reconhecer o assaltante. O ladrão, disse a vítima, era mesmo o garoto Carlos Rodrigues. Pronto. Como era aparentemente culpado, eis o que basta para que muitos entendam que a tortura, afinal de contas, foi merecida. É exatamente assim que se constrói a barbárie. À família de Carlos Rodrigues Junior, ainda que isso não sirva nem como consolo tardio, vai aqui, neste texto, pelo menos a lembrança de uma injustiça impressa no papel. Um papel que, se quisermos, podemos usar para forrar a gaiola do passarinho, enrolar o peixe de amanhã ou simplesmente rasgar.
Abaixo matéria publicada no JORNAL O ESTADO DE SÃO PAULO em 18/12/2007
Laudo aponta tortura policial em morte de menino de 15 anos.
BAURU, SP - .......O promotor João Henrique Ferreira, presente à reunião de divulgação do laudo, disse que há apenas uma dúvida: se denunciará os policiais por "homicídio com tortura" ou "tortura com resultado homicídio", mas não lhe resta dúvida de que a vítima foi torturada e isso causou sua morte. O delegado seccional, Donizetti José Pinezzi, disse que a Polícia Civil abriu inquérito, onde pretende apurar em que situação ocorreu a morte do menor. Ele disse que o laudo evidencia a tortura policial, e pretende esclarecer outros pontos que, diante da morte, "tornaram-se secundários no caso". Os seis policiais que participaram da ocorrência e da morte do jovem continuam recolhidos ao Presídio Militar Romão Gomes. Seus advogados encontram-se em São Paulo, onde pretendem impetrar habeas-corpus para que respondam em liberdade.

Tortura e morte em São Paulo

Do blog de Reinaldo Azevedo , que é hospedado no site da revista Veja , cujo endereço é http://www.veja.com.br/ interessante artigo sobre a iniciativa do Governo de São Paulo no caso do adolescente Carlos Rodrigues Júnior, de 15 anos, morto sob tortura por seis policiais militares, na cidade de Bauru-SP.
Em vermelho leia o meu comentário. Em azul, preto, verde e vermelho o artigo de Reinaldo Azevedo
Este caso me fez lembrar do martírio que passou um detento de Pernambuco, que foi preso indicado como autor de um homicídio e na verdade ele tinha sido processado e preso inocentemente. O advogado do detento inocente iniciou um processo pedindo uma indenização de 2 milhões de reais. Aquela vítima, além de inocente, ficou presa por mais de dez anos e durante uma rebelião no presídio veio a ficar cego. Ao sair da cadeia estava cego, tinha perdido toda a família e todos os seus bens. Não dá para imaginar história mais triste e de injustiça maior do que esta. A vítima já ganhou o direito à indenização em primeira instância, mas houve recurso, e com certeza haverá uma interminável lista de recursos judiciais impetrados. Se as coisas continuarem como estão, ele ( o homem inocente que foi acusado de homicídio) nunca colocará as mãos na indenização, por que provavelmente não terá como esperar por décadas até que o seu caso seja definitivamente solucionado. O governo passado lhe proporcionou uma "pensão especial" de R$ 1.200,00. Ora se esta pensão não está prevista na lei e houve esta iniciativa, a indenização também poderia ser paga. Quem iria reclamar que o dinheiro público estivesse sendo mal aplicado. É impossível pensar em injustiça maior do que esta que alcançou este homem. Seria interessante que o atual governo se debruçasse sobre o caso e revisse a medida adotada pelo governo passado. Esta pobre vítima tem que ser imediatamente indenizada. O exemplo do governo de São Paulo pode ser seguido.
Tortura e morte em SP: Serra responde com um ato exemplar
Por Reinaldo Azevedo em 22/12/2007
Com tal determinação e freqüência os governantes fazem a coisa errada no país, que, quando fazem o certo, a tendência é que ganhem o rodapé das páginas. O erro, nesse caso, é da imprensa, que vai perdendo critérios para julgar e distinguir o moral do imoral, o decente do indecente. A que me refiro? O governador de São Paulo, José Serra, acaba de tomar uma atitude exemplar. Baixou um decreto (ver íntegra abaixo) em que:A - determina que a família do adolescente Carlos Rodrigues Júnior, 15 anos, morto com choques elétricos pela PM, em Bauru, seja indenizada;B – cria uma comissão para acompanhar o caso e determinar o valor da indenização.É assim que se faz. A Polícia Militar de São Paulo tem 90 mil homens. É mais do que a população da maioria das cidades brasileiras. Como regra geral, a Segurança Pública no Estado dá sinais evidentes de que vem funcionando bem. O Estado está prestes a atingir a marca de 11 homicídios por 100 mil habitantes, um terço da média brasileira e um quarto, por exemplo, da do Rio. É um índice considerado aceitável pela Organização Mundial da Saúde. Também caiu o número de roubos e latrocínios. Mas há, é inegável, maus policiais. Quando casos como esse ocorrem, a tendência é a corporação se fechar numa postura defensiva. O caso da menina presa numa cela de homens no Pará mostra que a polícia, muitas vezes, prefere defender-se a defender o cidadão, razão por que ela existe. Em São Paulo, não houve hesitação. Tão logo o caso veio a público, os seis policiais foram presos — e agora tiveram a prisão preventiva decretada pela Justiça.Escrevi aqui, vocês devem se lembrar, que a tortura a presos comuns é corrente nas cadeias e presídios do país. São o que chamo de “presos sem pedigree”. O país que tem uma generosa lei de indenização para supostos perseguidos políticos não dá a menor bola para os direitos dos outros detentos — que têm direitos, sim: direitos, reitero, de detentos, que são e devem ser distintos daqueles dos homens de bem.O que aconteceu em Bauru é absolutamente inaceitável. As ações do governador reforçam a disposição de ter uma Polícia que combata o crime sem cometer outros crimes; que vá à rua assegurar o direito dos cidadãos — e é o que ela vem fazendo, diga-se, como norma; que inspire segurança e respeito, jamais o temor.Conhecemos a morosidade da lei. Se a mãe do rapaz assassinado decidisse recorrer a Justiça para receber a indenização, a decisão final poderia demorar uma eternidade. O decreto dá celeridade àquilo que é justo e que é moral. Mais ainda: abre a possibilidade de o Estado cobrar dos assassinos, mais tarde, o que for pago a título de indenização — é o que está previsto do artigo 5º ("direito de regresso").Por que isso é importante? Porque é preciso que a responsabilidade desses marginais fardados não se esgote apenas no cumprimento da pena. Aliás, que seja esta uma prática e uma norma: sempre que um agente da lei faltar com o seu dever, transformando o estado em réu de uma ação ou obrigando-o a desembolsar um valor que pertence ao conjunto da sociedade, devem-se buscar os meios legais para que o autor da ilicitude devolva aos cofres públicos o que, em decorrência de sua ação, lhes foi subtraído. Trata-se de mais um instrumento a estimular o cumprimento da lei.Tão logo soube do caso, Serra determinou que se buscasse um caminho jurídico para apressar o pagamento da indenização. Sem a possibilidade de o Estado devolver aos cofres públicos o que pagará como indenização, havia a possibilidade de o decreto ser contestado. Buscava-se um caminho juridicamente seguro para cuidar da questão desde o primeiro dia.O decreto é moral, é justo e, quero crer, é também eficaz porque concorre para que São Paulo tenha uma Polícia que proteja, como ela habitualmente tem feito, não uma polícia que mate ao arrepio da lei.

domingo, 9 de dezembro de 2007

Dia de Treinamento

Assisti neste final de semana, pela terceira vez, ao filme Dia de Treinamento. Ensina, quase didaticamente, como a banda podre da polícia trabalha e pensa, e como ela causa prejuízos a todos que cruzam seu caminho. Basicamente o filme conta a história de dois policiais, Alonzo Harris, interpretado por Denzel Washington, extremamente corrupto, vivencia a atividade policial apenas para tirar (sem trocadilhos) proveito pessoal. O camarada não tem nenhum escrúpulo. O discurso deste personagem já ouvi da boca de policias de verdade. Segundo alguns "especialistas" em segurança pública, da espécie que atualmente encontra-se na geladeira em diversos estados da Federação, é o tipo que apresenta desvios de conduta, mas mostra resultados. Não existe nada mais pernicioso do que este tipo de cumplicidade com policiais bandidos. Quem desta forma pensa e consegue dar espaço para este tipo de gente, nada mais é do que sócio nos crimes que eles praticam. Como contraponto ao policial corrupto o filme apresenta o novato policial Jake Hoyt, "que quer prender bandido sem tornar-se um deles. Ficar do lado certo da fronteira que separa os criminosos da polícia será sua tarefa mais difícil". Ethan Hawke " dá vida ao inexperiente novato Hoyt que vai aprender, em seu primeiro dia de trabalho como detetive, a dura realidade das ruas". Dia de Treinamento é "realista e corajoso, um filme que nos leva ao limite da legalidade e da corrupção." Gosto no filme especialmente da fala de Alonzo , quando ele diz ao novato que por causa de seu "trabalho já foram construídos muitos presídios" e acrescenta que suas ações resultaram em 15.000 dias de penas que serão cumpridas pelos bandidos que ele prendeu. O policial corrupto que apresenta "resultados" empregando meios corruptos e violentos, causa muito mais danos à sociedade do que o bandido. Este tipo de policial tem que ser extirpado da polícia brasileira. O discurso do resultado a qualquer preço não tem mais espaço, e não deve ser alimentado. Quem mantém este tipo de "conversa" deve ser olhado com desconfiança, embora , tenha encontrado gente bem intencionada que se curva a raciocínio tão primário. Vale a pena assistir ao filme Dia de Treinamento, principalmente quem foi aprovado recentemente no concurso da polícia civil de PE, porque o filme serve como alerta do que não deve ser feito na atividade policial, e que tipo de policial deve ser combatido. O policial Hoyt além de honesto é extremamente competente e corajoso. Consegue sozinho desmascarar Alonzo e se livrar da armação que ele lhe aprontou. O novinho deu uma lição ao corrupto, que na sua insanidade (corrupção entranhada na alma é sinal inequívoco de insanidade mental) achava que era infalível. Na verdade Alonzo é uma figura patética, mas este tipo de policial é muito apreciado por certo tipo de político e empresário , que quando encontram-se em dificuldade, seja lá qual for ela, utiliza-se de seus serviços. Sem querer fazer propaganda, mas já fazendo, comprei o dito DVD por apenas R$ 12,90 no Hipermercado Extra da Madalena. Valeu cada centavo investido.